Tuesday, July 19, 2011

A viagem ao Nepal

Após cerca de semana e meia a viajar pela Índia estava na altura de começar uma viagem pelo Nepal. Devo dizer que estava excitado de conhecer este país incrível. Desde andar no meio dos Himalaias até à sua arquitectura. Um país muito interessante, onde se puder irei voltar um dia. 

Durbar square

Pode não parecer, mas achei o Nepal uma mini-Índia. As pessoas são basicamente as mesmas, o estilo se não é o mesmo é parecido. Apenas diferem no tamanho, são um povo muito pequeno. Quando cheguei ao hotel até disseram que era irmão deles. Ia a viajar com dois amigos meus, Thomas e Pedro, um Francês e um Mexicano. Eles os dois tinham a volta de 1,90 metros, eu com o meu metro e 67cm estava na média do povo Nepalês. Mas ao contrário da Índia o Nepal ainda é um país muito pobre e onde parece que as coisas não irão evoluíram assim tão rápido, embora por outro lado parece que no Nepal não se encontra aquelas pessoas mesmo muito pobres como acontece na Índia. Aqui no Nepal as disparidades não são tão grandes. 

Na chegada ao hotel reparamos logo que não havia luz, energia. Ficamos a saber que em Kathmandu, capital do Nepal, não têm energia suficiente para ter energia durante o dia inteiro. Então o que fazem é cortar a energia durante cerca de 4 a 5 horas por dia. Até têm um calendário com as horas  em que a luz vai falhar. Todo o dia da semana tem uma própria hora em a energia irá faltar. As pessoas que podem comprar geradores, o nosso hotel tinha gerador bem como todos os hotéis da cidade têm gerador, até as lojas locais que ganham o seu dinheiro dos turistas. Esta é uma cidade com muito turistas, quase todos vêm aqui para fazer trekking. Para quem não sabe trekking consiste em fazer caminhadas pelas montanhas. Agora a minha pergunta é se a electricidade é assim na capital, não quero imaginar como será nas outras cidades. 

Monkey temple
No primeiro dia estivemos a fazer visitas ao monumentos mais importantes da cidade. A arquitectura Nepalesa misturada com alguma Indiana é muito interessante. Muito diferente do que estamos habituados a ver. Mas a verdade é que após o primeiro dia depois torna se muito cansativo pois fica sempre a mesma coisa. Das várias coisas que visitei de destacar um dos sítios mais sagrados para os Hindus. Um templo com um rio mesmo a beira, o rio gangues ou um dos seus afluentes, agora não me recordo bem. Ali várias pessoas são cremadas, "queimadas ao vivo". Quem vai lá fica impressionado com o que se vê. Ali são cremados os Hindus e os budistas e é "interessante" ver as diferenças entre os mesmo. Os budistas como os católicos acreditam que o corpo da pessoa falecida vai para o céu ou algo do género o que faz com que este tipo de pessoas estejam constantemente a chorar. Por seu turno os Hindus acreditam na reencarnação, o que torna quase impossível  ver alguém a chorar. Já tinha visto alguns funerais por mim a passar na India, e na maioria das vezes pensava que eram casamentos. A diferença como eles encaram a vida, neste caso a morte é muito diferente. 



No dia seguinte bem pela manhã, demasiado vinha o que mais me excitou a vir, a possibilidade de ir ver o Evereste, a montanha mais alta do mundo. Claro que não ia a pé nem de carro, pois não é possível. A pé iria levar semanas e só poderia ir até a base do acampamento pois a partir daí teria que pagar 25 000 dólares só para passar para o outro lado. Claro sem falar em outras coisas, sim porque o menos era arranjar dinheiro. A solução era fazer uma viagem de avião com vista para as maiores montanhas dos Himalaias e claro incluindo o Evereste. Bem, já agora uma aula de geografia para os menos interessados em geografia. Os Himalaias ao contrário do que muita gente pensa não é uma montanha mas sim um conjunto de montanhas que incluem algumas das montanhas maiores do mundo e claro a maior do mundo, o Evereste. O dia não estava perfeito para boas vistas, muito nevoeiro o que fez mesmo com que o voo fosse adiado por algum tempo. Mas mesmo assim deu para ver o Evereste bem como as outras montanhas. O voo foi agradável, seguro pois era naqueles aviões, melhor avionetas e pensava que se ia abanar por todos os lados mas tive uma boa surpresa e realmente foi dos melhores voos que já fiz. Realmente é uma viagem inacreditável, qualquer coisa fora do normal apenas por cerca de 100 dólares. O voo durou cerca de uma hora, talvez um pouco mais. O único senão neste voo é que estamos demasiado distantes das montanhas, pensava que iríamos ver demais de perto mas a verdade é que se voássemos mais de perto seria muito arriscado.  












Logo depois do voo começou a parte cansativa de toda a viagem, começamos a subir pelas montanhas. Foi um primeiro dia cansativo. Logo no começo da viagem foi alterado os nossos planos. Fomos de carro até a um ponto onde começava a subir e deveríamos começar a andar aí, mas pelo meio não podemos subir de carro. Havia um cortejo na rua o que fez com que tivéssemos que começar a andar mais, mais cerca de 5km extra. O primeiro dia foi caracterizado por subirmos muito, vários degraus, devemos ter subido cerca de 1km nesse dia quase sempre em degraus, muito cansativo. A maioria das pessoas não vem por aquele caminho mas sim por um mais demorado e onde não é preciso subir tanto degraus mas como nós só tínhamos 3 dias de trekking teríamos que ir por ali pois é mais rápido. De dizer que 3 dias de trekking por ali não é muito normal, menos de uma semana é raro ver alguém. O segundo dia já não subimos tanto mas por compensação  foi bem mais longo! Fizemos cerca de 25km, que loucura e ainda para mais num ritmo alucinante. No final do dia estava exausto e com bolhas de ar nos pés. Ao terceiro dia devíamos ter feito cerca de 12km mas só fizemos cerca de 4km. Com as minhas bolhas de ar estava impossível andar, as dores eram por demais. Como estávamos a meio do caminho teríamos que ir de autocarro para a cidade. Ao chegar o autocarro reparamos logo que ele estava cheio, dentro não iria mais ninguém. A solução passava por esperar no mínimo mais meia hora mas sem certezas pois poderíamos estar ali horas ou ter uma nova experiência e ir no topo do autocarro, quando digo no topo é em cima do autocarro para não sobrarem duvidas. Era apenas mais uma experiência a acrescentar ao currículo. Mas isto não é tudo. Imaginem o que é descer os Himalaia no topo de um autocarro por uma estrada cheia curvas, onde as rectas são difíceis de encontrar e onde mal cabe um autocarro, já para não falar nos postes de electricidade. Sim pois se levantássemos muito a cabeça batíamos ou alguns batiam (eu não tinha altura suficiente) com a cabeça nos fios de electricidade! Bem agora imaginem isto tudo, ah e já me esquecia, o condutor gostava de velocidade, mesmo muita. Pronto para além disto imaginem que um dos pneus arrebenta em plenos andamento, o que uma pessoa normal faria? Parava o autocarro, este não segue sempre. Parar para que? 


Miúdos Nepaleses















Apesar de cansativo o trekking pelo menos pelos Himalaias é qualquer coisa de impressionaste, uma experiência muito positiva, não estava à espera que fosse gostar tanto. É uma experiência a repetir mas tentar ir mais alto na próxima vez e com mais tempo. Todo o contacto com a natureza, as vistas, o pôr do sol o ar puro que por ali se respira, coisa rara para mim desde que cheguei à Índia, foi algo por demais interessante. E pela primeira vez na minha vida fui acima dos 2000 metros de altitude! Para um Português é muita coisa subir acima desse patamar! 

No penúltimo dia ainda fomos visitar mais alguns monumentos mas como disse depois de um dia isto começa a ser repetitivo. Aqui tudo tem o mesmo significado, a mesma arquitectura, a mesma história, apenas os réis é que mudam. 

Foi mais uma boa semana que terminou comigo a "stressar". Perdi o meu voo de volta para a Índia! Péssimo dia para fazerem uma greve geral no Nepal. De referir que o aeroporto não ajuda, o pior aeroporto que já vi e porventura irei ver. O aeroporto pelos vistos foi construído entre os anos 50 e 70 e desde aí não sofreu remodelações, por isso imaginem. É a confusão total! Mas no final acabou bem, lá fui a seguir no próximo voo depois de muito "negociar", devo agradecer à Índia pois é coisa que se aprende na Índia é isto negociar! 

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