Monday, February 6, 2012

Jaisalmer, a cidade dourada

Depois de todos os condicionantes do costume, sobretudo a negociação do lugar onde iria ficar, dei uma volta pela cidade e para espanto meu a cidade era minúscula, deve ser mesmo termo a utilizar. Em 3h já tinha cobrido a cidade inteira! E pensar que tinha vindo para esta cidade um dia mais cedo pois a última em que tinha estado era pequena!

Estava a pensar em fazer um safari de cerca de 1 dia, mas depois deste pequeno contra tempo decidi alterar os meus planos e alargar o tempo pelo deserto. Dois dias e uma noite era o tempo em que iria ficar por lá. Logo pelas 7h da manhã, estávamos a sair, apenas havia tempo para o pequeno almoço e conhecer os meus companheiros de viagem, Júlio e Mika. O meu pequeno almoço já estava na mesa quando cheguei bem como os meus companheiros, Júlio, um cromo nato estava olhar para o pequeno almoço para tentar perceber a minha nacionalidade. Imaginem que o meu pequeno almoço eram tostas, como se tostas fossem especificas de algum país! Mas este era o Júlio que estava a começar a conhecer, típico viajante que vem à Índia para conhecer apenas os lugares turísticos mas que ao mesmo tempo pensa que sabe tudo sobre a Índia. Outra característica destes sujeitos é que se acreditam em tudo o que lhe dizem. Mika, por outro lado, era uma rapariga vinda da Alemanha, que tal como eu estava cá a estagiar, mas esta já cá estava quase há um ano. 

Fomos de jipe até quase ao deserto para depois começar o safari propriamente dito, com os camelos. Tínhamos dois guias cada um com o seu camelo. No primeiro contacto com estes animais percebi logo que estes eram maiores do que pensava, que podem cheirar bem mal e que na primeira vez que os montamos, estes ao erguerem-se é cá uma experiência,  assustadora! Mas em contrapartida a vista de lá de cima é qualquer coisa. Durante os primeiros minutos a sensação de "camelar" é óptima mas a partir de um determinado momento o rabo começa a doer... Paramos por volta do meio dia para o almoço e descansar um bocado. Nestas condições era muito cansativo continuar, estávamos na época mais quente do ano, onde as temperaturas durante o dia variam entre os 40ºC e os 50ºC. Partimos por volta das 16h, pelo meio ainda passamos por uma pequena aldeia no meio do deserto. Incrível como estas pessoas conseguem viver, mas não menos incrível estas pessoas vendem coca-cola no meio do deserto, e claro está a preços exorbitantes! Mas que bem que soube, pois a água que tínhamos trazido connosco já estava  a escaldar, mais quente do que a água que costumava tomar banho! 

Por volta das 18h chegamos ao deserto mais central, digamos assim. Até aqui era um deserto com uma mistura de areia e terra seca, a partir daqui já tínhamos dunas. Encontramos o sitio onde iríamos pernoitar e sentamos a ver o por do sol mais espectacular que já vi! Mais tarde deu para ver as estrelas, mais do que nítidas  Até me ensinaram a ver as constelações de estrelas. Mas durante tudo isto foi-nos aparecer um cão vindo nada, no meio do deserto, acho que só mesmo na Índia! Fiquei também a descobrir que estava uns escassos metros da fronteira com o PAQUISTÃO. Durante a noite dava mesmo para ver as luzes da fronteira. Outro facto curioso é que encontrei mais animais no deserto do que nas montanhas no Nepal. A Índia não parava de nos surpreender. 

Gostava de dizer que dormi bem. mas a verdade é que dormir no deserto é uma experiência única, mas não muito confortável. Para complicar a minha vida de noite tivemos uma mini-tempestade de areia, ao acordar de manhã sentia areia por todos os lados, até na boca ela ia parar. No dia seguinte a história foi basicamente a mesma que no dia passado, mas com um dia ainda mais quente, acho que na minha vida nunca vou estar num dia tão quente como este. Neste dia deu também para conhecer melhor os meus companheiros de viagem. Vou tentar descrever melhor o Júlio, pois foi um dos maiores cromos que devo ter conhecido. Só para compreender melhor, a primeira vez que o vi à frente a minha vontade era de começar a rir que nem um perdido. Será difícil descreve-lo mas tem dois pontos que não falham o seu bigode, feito pela manhã, pois segundo ele toda a gente no Rajasthan o utiliza, e os seus óculos completamente redondos. Apesar de ser Italiano, vivia em Inglaterra, mas se tivesse que dizer de onde ele era, diria certamente que era Judeu. Era engraçado vê-lo o quanto era "verde" em relação à Índia, como se deixava levar pela cantiga daqueles Indianos que só querem vender, de dizer que estava bem do estômago, quando passava o dia todo a fazer ruído de quem não anda bem e correr para a casa-de-banho improvisada do deserto.

A experiência no deserto é uma oporunidade que vale a pena por ser única, mas penso que não é para repetir, valeu a pena, mas uma vez é suficiente. Ah, quase que me esquecia, no segundo dia deu para correr com os camelos, a sensação é realmente única, porventura a melhor coisa que aconteceu durante a experiência.

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